Acabo de ler a noticia do falecimento do Zé Carlos volante do Cruzeiro e um de seus maiores ídolos.Volto ,na memória e no tempo e me vejo no dia 30 de setembro de 1967, um domingo, em um Mineirão lotado para mais um clássico entre Cruzeiro e Atlético.O Cruzeiro começava a se firmar no cenario nacional com uma equipe fantástica ,que no ano anterior havia conquistado a Taça Brasil em cima de ,nada mais nada menos que o Santos de Pelé,com duas vitórias inquestionáveis:6×2 no Mineirão(com direito a um 4×0 no primeiro tempo) e 3×2 ,de virada em São Paulo.Por volta de 15:30 daquele domingo,os alto falantes do Mineirão ecoavam a escalação do Cruzeiro:Raul, Pedro Paulo,William ,Procópio e Neco;Piazza e Dirceu Lopes;Natal ,Tostão,Evaldo e Hilton Oliveira.Do outro lado me recordo apenas de alguns nomes:Helio,o goleiro,Grapete,Lacy e Ronaldo.Começa o jogo e aos oito minutos Tostão sofre uma entorse e sai carregado pelo massagista KO nocaute Jack.E aí começa a historia do Zé Carlos.Quando é anunciada a substituição e o nome do Zé é mencionado, todos os cruzeirenses,eu inclusive, e grande parte da crônica esportiva é tomada de surpresa;quem é esse Zé Carlos,de onde veio ,como Felicio Brandi e Cármine Furletti o descobriram?Tudo se esclareceria nos dias que se seguiriam.Mas o importante naquele momento,era aquela tarde .aquele jogo e o novo integrante da equipe celeste.Aos dezoito minutos do segundo tempo,o Atlético vencia por 3×0 e o Lacy desaba no gramado e acusa o Procópio de tê-lo agredido.O zagueiro é expulso.E agora?pensava eu:sem Tostão,para mim um dos jogadores mais geniais que vi jogar,com menos um jogador e perdendo de 3, com um jogador que ninguém conhecia,com certeza a vaca vai pro brejo.Para tornar as coisas ainda mais dramáticas ,desabou um temporal danado.Pronto,agora acabou!!Eu estava no setor de cadeiras bem próximo do gramado e ouvia o chacoalhar das chuteiras do Piazza ao correr naquela grama encharcada pela chuva.O esforço dos jogadores era enorme e heróico e a recompensa veio paulatinamente surgindo ,no primeiro gol,depois no segundo e a galera explodiu quando o Cruzeiro empatou.Era bonito ver esse garoto,de passadas inconfundíveis e elegantes substituir um mágico Tostão, com uma classe e segurança fantasticas.E para premiar sua estréia estupenda,aos 44 do segundo tempo cobrou uma falta,jogando a bola na junção do travessão com a trave esquerda do Helio.Merecia ter entrado.O impacto do empate foi tão grande nas hostes atleticanas que o Helio caiu em desgraça.E ,ali ,naquele 30 de Setembro de 1967 nascia mais um astro da constelação estrelada.Há alguns anos estive com o Zé Carlos e tiramos uma foto que guardo com muito carinho.Que o Zé descanse em paz!