Assistí hoje parte da entrevista da Jacqueline Silva, nossa mais ilustre levantadora no volei feminino. Interessantíssima em varios aspectos, franca e contundente em outros tópicos, Jackie , literalmente ,colocou o dedo na ferida. E, para minha glória falou aquilo , que de há muito tenho manifestado em meus escritos, sem que tenha sido ouvido no mundo do voleibol,principalmente o feminino. O comando do voleibol no Brasil virou uma espécie de reserva de dominio. Existem dois feudos um masculino e outro feminino, igualitariamente entregues a dois suseranos ou senhores feudais , que os comandam há décadas , e, ao que parece, não têm a minima intenção de abrirem mão deles.E, para tornar as coisas ainda mais complicadas, a crônica especializada,composta de narradores e comentaristas, de há muito se tornou, nada mais que bajuladores desses senhores feudais. Basta um deles acertar um pedido de desafio para ser chamado de genio. Chega a ser irônico se não fosse trágico. Jacqueline , com sua objetividade e argúcia ,disse, com todas as letras que já é hora desses caras irem embora, e mais , levando junto seu séquito de auxiliares.Nas palavras dela: ” eles pensam que o mundo precisa deles; vão ficar lá para toda a vida?” Não há nenhuma dificuldade em reconhecer o mérito desses senhores pelo trabalho que desenvolveram; mas para tudo há um limite.É preciso que larguem o osso. Há vinte anos no comando da seleção feminina, o atual treinador, simplesmente inibiu qualquer possibilidade de surgimento de outros profissionais. Essa longevidade foi, e é ,altamente danosa à evolução do voleibol feminino brasileiro. Sua presença, aliás incomodativa, à beira da quadra o transformou no ser supremo: ele é o treinador, o levantador, o instrutor do bloqueio, o posicionador das atletas em quadra, tudo a um só tempo. Com isso, as levantadoras perderam a capacidade e a liberdade de criar. Ficaram medrosas, sem coragem de ousar e de tomar decisões.As demais atletas também sentem na pele essa insegurança e desconforto.Os nervos ficam a flor da pele e o debacle emocional é só questão de tempo, Se perdem desabam no choro, se ganham, também. É preciso trazer o protagonismo do jogo de volta para dentro da quadra ,permitindo que as atletas desenvolvam todo o seu potencial com liberdade.Não é papel de treinador,correr daqui pra ali azucrinando ouvido de jogadora.Isso só demonstra que o trabalho do dia a dia do treinador é ruim. O jogo tem que ser mais lúdico,mais solto, onde a alegria seja o principal combustivel para buscar a vitória.Vejam o exemplo da seleção feminina norteamericana; estando ou não à frente no placar ,jogam com alegria.Alguém já viu o Karch Kiraly, treinador da seleção americana, infernizando a vida das atletas na beira da quadra?Ou o Manabe do Japão, o Lavarini da Polonia , o Santarelli da Turquia, dando piti? E essa maneira grotesca do treinador brasileiro sair pulando pela quadra precisa acabar. Chega a ser patético esse narcisismo chamativo !Finalmente, parabéns à Jackie pela coragem em abordar os assuntos de forma clara e objetiva.
